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Débora Miranda

Sabrina Sato e outras grávidas contam como a malhação ajuda corpo e mente

Débora Miranda

19/07/2018 04h00

Perfeitamente esculpido com muita atividade física, o corpo de Sabrina Sato sempre foi referência para quem queria entrar em forma. Mas a apresentadora da Record deixou temporariamente para trás os exercícios de glúteo, abdome e pernas. Também parou com atividades de impacto e com as lutas. Tudo por causa da gravidez.

Sabrina Sato e seu personal trainer, Marcio Lui (Reprodução/Instagram)

"Sempre malhei, me faz bem. Tanto para o corpo quanto para a mente. É quase um momento de relaxamento. Libero energia. Faz parte da minha rotina e senti muita falta enquanto fiquei parada", conta Sabrina, que teve de passar um tempo em repouso por orientação médica. "Fiz repouso absoluto. Sempre respeitei muito o que os médicos me pediam, confio muito neles. Agora estou aos poucos voltando à rotina."

Quem acompanha os treinos  de Sabrina é o personal trainer Marcio Lui, 40 anos. "Quando fui liberada para treinar, conversei com o Marcio e procuramos exercícios que fossem mais apropriados. Sem exageros  e com muito cuidado. Sou acompanhada de bons profissionais que me dão todo suporte e me passam muita segurança."

Lui explica que Sabrina diminuiu o ritmo e tem treinado duas ou três vezes por semana. O trabalho que está sendo realizado é para prepará-la para os últimos meses de gravidez e também para o parto. "A rotina está diferente. Antes, a Sabrina treinava muito perna, bumbum, abdome. Agora, fortalecemos a região lombar e pélvica", afirma o personal.

Shantal Abreu diz que os exercícios a ajudam a se sentir melhor (Divulgação)

Preparar o corpo para o parto é importante, mas as mulheres dizem que manter a atividade física durante a gestação é uma ótima pedida por causa dos benefícios psicológicos.

"Com esse monte de hormônios, o humor fica uma montanha-russa. Então, tem dias em que estou alto-astral e tem dias em que fico mais triste. E eu nunca fui assim. Me ver para baixo foi muito difícil, e a atividade física fez muita diferença na minha vida. Vou à academia e saio de lá outra pessoa", diz a digital influencer Shantal Abreu, 29 anos. "Partindo do princípio de que aquilo que você sente passa para o bebê, acho que a atividade física beneficia mãe e filho."

Não dá para virar fitness durante a gravidez

Educadores físicos e personal trainers destacam que a primeira coisa que uma grávida deve fazer antes de decidir sua rotina de atividades físicas é ir ao médico e fazer uma avaliação. Desde que haja a liberação, não há problemas continuar a fazer os exercícios que já fazia.

"A primeira coisa é ir ao médico. Por mais que a mulher já treine, precisa ver se está tudo ok, porque o corpo muda muito durante a gestação. Se o médico liberar, pode fazer qualquer exercício que já fazia antes, menos abdominal e atividades de muito impacto", conta Cássio Fidlay, 30 anos, personal trainer de Shantal. "Gravidez não é doença, só precisa de alguns cuidados especiais."

O personal trainer Cássio Fidlay e Shantal (Arquivo Pessoal)

Mas ele avisa que as sedentárias não devem querer começar atividades novas durante a gestação. "Não dá para virar fitness durante a gravidez. Isso pode prejudicar o feto, porque o corpo da mulher não está adaptado." Marcio Lui aconselha: "Se a mulher for sedentária, é legal fazer algo como hidroginástica, musculação mais leve, bike, exercícios que não ocasionem problemas para ela nem para o bebê".

Os especialistas dizem que, nessa fase da vida, é importante trabalhar a região lombar, pois o peso do bebê causa dor e incômodo às mães, que já não conseguem ficar tanto tempo em pé e encontram dificuldades para dormir. Além disso, fortalecer a região pélvica ajuda na hora do parto, especialmente se for normal.

Para quem já pratica atividades físicas, o retorno pós-parto também é simples. E depende apenas da liberação médica. "Cada pessoa tem seu tempo. Mas é importante recomeçar aos poucos, de forma gradativa, e com cuidado para não se machucar. Não adianta querer emagrecer tudo de uma vez. É preciso saber respeitar seus limites", orienta Lui.

Preste atenção no seu instinto

Depois de passar por uma gravidez ectópica (quando o óvulo fertilizado é implantado fora do útero e, por isso, não vinga) no ano passado, Shantal Abreu se diz mais cautelosa agora. Grávida de 14 semanas, ela voltou a malhar só recentemente. Meu médico liberou atividades físicas, menos as de impacto. Mas, no começo, fiquei receosa. E acho sempre importante prestar atenção no nosso instinto. Então, dei um tempo até completar três meses de gestação."

A digital influencer está fazendo musculação, corrida e ioga para gestantes. "Parei com o boxe, pois corre risco de bater na barriga. Na musculação, não tenho feito abdominais, isso sei que não pode.  Mudou também a intensidade dos exercícios. Antes eu treinava quase todos os dias, agora treino só três vezes na semana. Também me sinto mais cansada. O corpo está gastando energia para formar uma criança. Gosto de respeitá-lo", diz ela, que também decidiu mudar a alimentação e tem investido em frutas, verduras e legumes.

Larissa Zalaf, que trabalha com corrida, conta que aprendeu a ouvir o próprio corpo (Arquivo Pessoal)

A educadora física Larissa Zalaf, 30 anos, que trabalha com o grupo de corridas feminino Projeto Mulher, compartilha a mesma ideologia de Shantal. "Aprendi a ouvir meu corpo", conta ela, que tem um bebê de oito meses. "Não corri no comecinho da gestação, por precaução e porque tinha muita cólica. Depois, quando voltei, sempre respeitei meus limites. Muitas vezes eu me sentia cansada. O corpo gasta muita energia com o bebê, não queria forçá-lo."

Ela destaca que, quem já corre, pode continuar, mas que um ponto importante é controlar os batimentos cardíacos para que não fiquem muito alterados. "A frequência cardíaca do bebê é alta, e se a da mulher sobe, a dele sobe mais ainda. Se não tem um relógio que mede, fique atenta. A sensação de frequência acelerada já é um sinal de que é preciso diminuir o ritmo."

Larissa também destaca os benefícios da atividade física durante a gestação. "Reduz a ansiedade, ajuda a dormir melhor, reforça a musculatura e auxilia a tolerar melhor as mudanças do corpo. As mulheres que praticam algum exercício têm poucos incômodos se comparadas às mulheres sedentárias."

Sobre a autora

Débora Miranda é jornalista e editora do UOL. Apaixonada por cultura. Acredita no poder transformador do esporte. Ginástica olímpica na infância. Pilates, corrida e krav maga na vida adulta. Futebol desde sempre. Corinthians até o fim.

Sobre o blog

Espaço para as histórias das mulheres no esporte, mostrando como a atividade física pode transformar vidas e o mundo. A ideia é reunir depoimentos sobre determinação, superação e empoderamento. Acima de tudo, motivar umas às outras. Vamos juntas?