Com o sonho da Copa, mulheres se unem pela internet e partem para a Rússia
Algumas amam futebol, acompanham seus times no Brasil e até fora dele. Outras, com receio da violência nos estádios ou por limitações financeiras, curtem tudo pela TV. E há até quem não seja tão fanática assim pelo esporte. Mas essas mulheres têm um sonho em comum: assistir a uma Copa do Mundo ao vivo. E esse sonho será realizado agora, na Rússia.
A servidora pública Renata Leal Couto, 31 anos, de Brasília, reuniu as mulheres da família para atravessar o mundo: ela viaja à Rússia na companhia da mãe e da irmã. "Eu adoro futebol, aprendi a gostar com meu pai, que é fanático. Ele é vascaíno, mas eu sou Corinthians", conta. "Não costumo viajar para acompanhar meu time, porque nem sempre a logística e o dinheiro permitem. Também tenho um pouco de medo da violência nos estádios. Mas neste ano pretendo ir conhecer o Itaquerão", diz, animada.
Renata é uma das integrantes do grupo Elas na Copa, que reuniu mulheres pelo WhatsApp e nas redes sociais a fim de confraternizar e dar dicas a quem planejava ir para a Rússia. Muitas meninas vão viajar sozinhas e encontraram no grupo companheiras, que acabaram virando grandes amigas. "Faço parte desse grupo lindo, que tem sido espetacular. Todas as meninas se ajudando, se apoiando e dando conselhos umas às outras."
A psicóloga Bianca Geocze, 33 anos, de São Paulo, é uma das mulheres que decidiram arrumar as malas e partir rumo à Rússia sozinha. "Desde o final de 2016 eu venho planejando ir à Copa. Achei alguns grupos no Facebook e comecei a conversar com a galera. Foi quando decidi fechar a viagem. Comprei a passagem com um ano de antecedência", conta.
"Nos grupos que já existiam, vimos que nós, mulheres, éramos minoria. Então decidimos nos juntar. O objetivo era ajudar umas as outras, e acabamos ficando muito unidas, rolou uma amizade bacana. Já fizemos vários encontros, no Brasil todo. Estou muito animada e, agora que está chegando, minha ansiedade está a mil."
Bianca conseguiu os desejados ingressos para ver a seleção brasileira em campo e vai viajar pela Rússia atrás de Tite e sua trupe. Enfrentará 17 horas de trem de Moscou até Rostov-do-Don para assistir a Brasil e Suíça. Depois embarca para São Petesburgo para o jogo entre a seleção e Costa Rica. Novamente em Moscou, assistirá o último jogo da primeira fase, entre Brasil e Sérvia. No meio dessa saga, ela ainda tem mais algumas partidas compradas. E diz que não é tão doente assim por futebol.
"Eu gosto muito, sou corintiana, mas não sou aquela pessoa fanática. Estou indo para a Rússia muito pelo evento da Copa do Mundo. Era um grande sonho e nunca tinha tido oportunidade. Quando vi, já estava gastando uma grana com ingresso, acordando às 5h da manhã para ficar em fila. E foi muito gostoso. Será a minha primeira Copa, porque aqui no Brasil não consegui ver nenhum jogo."
Influência brasileira
A Copa no Brasil, em 2014, despertou em muita gente a vontade de acompanhar o Mundial mais de perto. A dentista Alexandra Mota, 32 anos, de Salvador, estreou em Copas aqui no Brasil e agora está de malas prontas para a Rússia. E não tem ingresso para nenhuma partida. "Chego em São Petersburgo só na véspera da semifinal e achei o valor dos ingressos muito caros. Pretendo ver os jogos nas Fan Fests", diz ela, que viajará também sozinha. "Acho que será fantástico estar no meio de pessoas do mundo inteiro no maior evento esportivo do planeta e num país que sempre tive o sonho de conhecer."
Ela lembra do aniversário de nove anos, durante a Copa de 1994, em que o Brasil foi tetra. "Meu aniversário foi no dia da vitória do Brasil na semifinal contra a Suécia. Foi a primeira Copa que acompanhei e, por causa dela, deixei de brincar de boneca e comecei a jogar futebol! Desde então, acompanho todos os Mundiais."
Mesmo fanatismo tem a jornalista Larissa Quintino, 27 anos, de Jundiaí (SP), que vai para a Rússia com o namorado, depois de um ano de planejamento. "Eu conto o passar do tempo por Copas do Mundo. É a minha referência para tudo. Em 2014, prometi que tentaria ir a todas as outras Copas que tivesse oportunidade. A Rússia é a continuidade de um sonho!", conta ela, que completa: "Acordo e vou dormir pensando em futebol. Sou corintiana de ver todos os jogos. Infelizmente, vou pouco ao estádio por questão financeira. Não consigo acompanhar tanto quanto gostaria".
Também corintiana fanática, a comerciante Marcela Mouawad, 28 anos, de São Paulo, viaja num grupo maior para a Rússia. "Vamos eu, meu namorado, meu irmão, minha cunhada e minha prima. Era um sonho antigo! Desde pequenos, eu e meu irmão acompanhamos todos os jogos de todas as Copas."
Ela e o irmão são parceiros de jogos do Timão e foram até o Japão para assistir à conquista do Mundial do alvinegro. "Na minha família, o futebol foi sempre presente. Meu pai sempre foi muito fanático pelo Corinthians e resolveu se controlar quando a gente nasceu para 'não sofrermos', mas não deu muito certo. Eu e meu irmão somos corintianos fanáticos desde pequenos!", diverte-se ela.
Outra que começou com o amor pelo futebol cedo foi a especialista de planejamento Juliana Ferreira, 26 anos, de São Paulo. "Muito são-paulina desde criancinha", como ela mesmo se define, conta que cresceu assistindo aos jogos com os pais, que também são apaixonados pelo esporte. "Acompanho todos os campeonatos de que meu time participa e marco presença sempre que posso nos estádios, nas boas e nas más fases! No exterior, infelizmente, ainda não tive a experiência de assistir a um jogo, mas está nos meus planos ir a uma final de Champions League muito em breve!"
Ela destaca a importância de tantas mulheres indo para a Copa em busca de realizar um sonho. "Fico muito feliz em ver que estamos cada vez mais conquistando nosso espaço e demonstrando todo o conhecimento que temos sobre futebol. Quero, com essa minha viagem, incentivar as pessoas que sonham e desejam ir a uma Copa do Mundo, mostrar que, mesmo sozinhas, podemos e conseguimos chegar aonde quisermos!"
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