Copa de Futebol Feminina: respeito também se aprende colando figurinhas
Qualquer pessoa que habite uma rede social sabe: brasileira AMA uma polêmica. E a do momento, pasme!, é… O álbum de figurinhas da Copa do Mundo feminina. O evento acontece neste ano, a partir de 7 de junho, na França. Mas o álbum já foi lançado por aqui.
Assim que a notícia saiu e ganhou postagens nas redes sociais, o mundo se dividiu entre as pessoas animadas com a possibilidade de colecionar as figurinhas das craques brasileiras e as que fizeram questão de desvalorizar o esporte e as jogadoras. Isso fora as piadinhas — carregadas de ignorância, preconceito e sexismo.
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Mas não vou usar este espaço para reproduzir piadinhas ignorantes, preconceituosas e sexistas. A discussão que eu quero propor é outra: por que um álbum de figurinhas foi tão comemorado –e merece ser– por tanta gente?
Primeiro de tudo: nossa seleção feminina é muito vitoriosa e a melhor da América do Sul. Participou de todas as Copas do Mundo já realizadas. Tem três vice-campeonatos importantíssimos: do Mundial de 2007 e das Olimpíadas de 2004 (Atenas) e 2008 (Pequim).
Você pode argumentar que não chega perto das cinco estrelas do futebol masculino, mas lembre que a modalidade feminina é bem mais recente: na Copa começou em 1991 e na Olimpíada só em 1996.
Contamos, na seleção brasileira, com jogadoras de alto nível, reconhecidas no mundo todo. Marta foi seis vezes eleita pela Fifa a melhor do mundo. Andressa Alves acabou de se classificar, com o time do Barcelona, para a final da Champions feminina. Formiga é a única jogadora de futebol DO MUNDO a ter participado de seis Jogos Olímpicos –ou seja, todas as edições desde que a modalidade entrou na competição. E tem seis Copas do Mundo no currículo.
Não é pouco. Mas também não é o mais importante.
Ter um álbum de figurinhas com jogadoras de futebol feminino significa, na prática, reconhecer não apenas o talento dessas jogadoras, mas as inúmeras barreiras que elas tiveram de superar para virar atletas profissionais. Resistência familiar e social, preconceito, descrédito. Falta de condições para treinar, poucas oportunidades, salários baixos. E, mesmo diante de tudo isso, elas estão fazendo história.
Por tudo isso, ter um álbum da Copa feminina é também plantar sementes de mudança. Mostrar às meninas que ela podem, sim, colecionar figurinhas de Neymar e companhia, mas que podem admirar e se espelhar em Marta, Formiga, Andressa, Érica, Geyse, Thaisa e tantas outras. É mostrar que é permitido amar futebol, jogar e sonhar em ser atleta. E é também ensinar aos meninos que a seleção brasileira feminina é motivo de muito orgulho para o nosso país.
Porque o Brasil que eu e tanta gente que comemorou o lançamento desse álbum queremos é um país sem ignorância, preconceito nem sexismo. Na vida e no esporte.
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