Shubi Guimarães: o namorado duvidou, mas ela virou corredora de aventura
Quando um namorado de Shubi Guimarães disse que ela não deveria disputar uma prova de corrida de aventura, ela fez três coisas: "Fiquei indignada, terminei o namoro e fui participar da prova. Ele disse que eu não ia conseguir, pois faltavam apenas três meses, e que eu teria de treinar uns três anos para conseguir. Imagina!".
Shubi, hoje com 43 anos, criou a primeira equipe feminina de corrida de aventuras –depois de ter disputado a fatídica prova que levou ao fim do seu relacionamento.
"A corrida de aventura é um esporte em equipe que inclui trekking, remo e bike. Mas pode ter rapel, tirolesa, depende de onde acontece. É sempre em contato com a natureza e sempre com orientação [mapa]. Montei a equipe Atenah em 2000, só com mulheres. A gente começou a ganhar as provas e aí mudaram as regras. Hoje é obrigatório ter pelo menos um integrante do sexo oposto."
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Shubi conta que praticou esportes a vida toda. "Nunca fui excelente em nada, mas sempre fui boa em tudo", define ela, que estudava em uma escola que tinha aula de educação física todos os dias. "Só assim para me acalmar", diverte-se.
Ela nadou e fez nado sincronizado dos 13 aos 15 anos. Aos 17 começou o triátlon. Aos 21, a corrida de aventura. Aos 24, fez o primeiro ironman. Além disso, jogou vôlei, basquete e handebol. "Sou habilidosa e aprendo rápido. Não sou muito veloz, mas tenho força", conta ela, que quase não faz musculação.
"Quando eu era mais nova, achava que precisava ficar mais bombada. Hoje, faço pouca musculação e com quase nada de peso, senão fico parecendo um armário. Sou uma vaidosa engraçada. Sou zero de comprar roupa, sou muito básica, estou sempre de tênis. Mas sempre faço sobrancelha, unha, ando de cabelo arrumado", conta ela, que segue uma rotina pesada de treinos –normalmente em dois períodos do dia.
"Nos finais de semana é quando eu treino mais, porque tenho mais tempo. Eu amo treinar, meu corpo pede. Preciso correr."
Há seis anos ela teve Antonio, que desde cedo demonstrou empolgação pelo esporte, como a mãe. "Ele pedala desde os dois anos, surfa, anda de skate, faz natação. Sempre quis muito ter filhos, e minha gravidez foi ótima e tranquila, mas tenho amigas que falam que esse período é a coisa mais linda da vida da mulher. Não acho. É limitante. Pelo menos para mim foi, inclusive no trabalho. Tive que parar de fazer um monte de coisas, não conseguia correr. Mas rapidinho voltei a treinar e, sempre que posso, levo ele para as viagens comigo."
Shubi comanda um acampamento de férias para crianças de 5 a 16 anos, que funciona em janeiro e em julho, e incentiva a prática de esportes e a ligação com a natureza. Ela também atua em um projeto da Olympikus que tem como objetivo levar as pessoas para conhecer o Brasil por meio de provas de corrida. A primeira etapa aconteceu no Jalapão e as próximas serão no Pantanal e em Alter do Chão. Shubi atua como diretora de prova, ou seja, ela decide o percurso, a largada, onde haverá pontos de hidratação etc.
A atleta comemora o aumento da participação das mulheres em provas de corrida e diz que isso tem acontecido no esporte de forma geral. "Rola um empoderamento. Ao participar, elas se sentem capazes, percebem o quanto o esporte faz bem, que é um remédio para tudo, para a pele, para o corpo e para o psicológico."
E completa: "O esporte guia a minha vida. É uma ferramenta importante, que dá autonomia. Você aprende a ser forte, a cair e a levantar, a ter resiliência e coragem. E tudo isso vai para a vida inteira. Ao praticar esporte, a mulher se sente forte para enfrentar os desafios da vida, do trabalho e do relacionamento. Inclusive para terminar com o namorado, se for o melhor a fazer", ri, lembrando da própria decisão.
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