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“Acordava à noite puxando ar”, conta jogadora de vôlei que teve Covid-19

Débora Miranda

26/04/2020 04h00

A jogadora Drussyla, do Sesc-RJ (Reprodução/Instagram)

A ponteira Drussyla, 23 anos, do Sesc-RJ e da seleção brasileira de vôlei, teve coronavírus. Ela procurou um hospital, por estar se sentindo cansada, sem ar e com diarreia, e um exame confirmou o diagnóstico.

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Agora curada, Drussyla se mantém em isolamento social. Conta como foi enfrentar a doença e a dificuldade para respirar, fala da saudade que sente da família e dos amigos e lamenta a interrupção da temporada de vôlei e de seus sonhos profissionais.

"Mas eu não desanimo, pelo contrário. Eu penso até mais nisso agora. Nada acontece por acaso. E vai ser para mim uma grande evolução. É bom ter esse tempo, botar a cabeça no lugar é importante."

Leia, abaixo, o depoimento da atleta.

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"No dia 17 de março, eu fui fazer o teste para saber se tinha coronavírus. Eu vinha me sentindo muito cansada. Depois, comecei a ter dor de cabeça e só queria dormir. Passei, então, a sentir falta de ar. Ficava muito ofegante, acordava no meio da noite puxando o ar. Até então eu não tinha percebido que eram os mesmos sintomas da Covid-19. Eu também tive diarreia e achei que fosse uma virose.

Como os sintomas continuaram, decidi ir ao hospital. Fui atendida rapidamente, eles estavam priorizando as pessoas com sintomas de coronavírus. Fui isolada e fiz o exame. O resultado levou sete dias para sair, mas a essa altura eu já sabia.

Fiquei em casa sozinha, não saía para nada. Meus pais levavam comida para mim, pronta em potinhos. Me isolei. Eu fiquei muito calma, tranquila. Eu tive pneumonia quando era mais jovem, então já tinha enfrentado essa sensação de estar sem ar. Sabia que não podia fazer esforço. Eu fui arrumar a cozinha, tinha que parar de 15 em 15 minutos, porque não conseguia.

Mas o mais difícil foi que eu não costumo ficar em casa, eu sou muito ativa. Nunca fiquei tanto tempo sem fazer nada. Férias eu também nunca tive, então estou descansando bastante. Qualquer pessoa pode ficar doente, como eu fiquei e tantos outros atletas. A diferença, eu acho, é que a nossa recuperação pode ser um pouco mais rápida do que a de outras pessoas que não fazem exercício. Mas eu poderia pegar coronavírus e morrer. Todo o mundo precisa ter cuidado com a doença.

Agora estou curada. Tenho trocado o dia pela noite e vou toda madrugada correr, porque não tem ninguém na rua. Neste período, aprendi a valorizar muito o tempo com a minha família e com as minhas amigas. Tenho uma grande amiga que é do grupo de risco, tem asma, então paramos de nos encontrar. A mãe dela não permite que a gente se veja. Sinto muita saudade de todos. Sinto saudade de curtir um pagode, de ir para a igreja.

Sinto falta também de treinar. Eu estava buscando novos objetivos. Há dois anos que não jogo fisicamente bem e estava focada em conseguir isso, em voltar a ter ritmo de jogo e ter constância. Agora, provavelmente, só poderei lutar por isso na próxima temporada.

Mas eu não desanimo, pelo contrário. Eu penso até mais nisso agora. Nada acontece por acaso. E vai ser para mim uma grande evolução. É bom ter esse tempo, botar a cabeça no lugar é importante.

A gente tem que fazer tudo o que tem sido falado pelos médicos, seguir as orientações, porque senão vai dar tudo errado. O corpo fica abalado, o emocional também. Temos que ter paciência e esperar isso passar. O que tem que acontecer com cada um vai acontecer, é preciso ter fé."

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Sobre a autora

Débora Miranda é jornalista e editora do UOL. Apaixonada por cultura. Acredita no poder transformador do esporte. Ginástica olímpica na infância. Pilates, corrida e krav maga na vida adulta. Futebol desde sempre. Corinthians até o fim.

Sobre o blog

Espaço para as histórias das mulheres no esporte, mostrando como a atividade física pode transformar vidas e o mundo. A ideia é reunir depoimentos sobre determinação, superação e empoderamento. Acima de tudo, motivar umas às outras. Vamos juntas?