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Débora Miranda

"Ter reconhecimento de tantas meninas me dá motivação", diz Leticia Bufoni

Débora Miranda

24/01/2019 04h00

Leticia Bufoni fez o ano começar cheio de emoção. A skatista brasileira, que desde os 13 anos mora nos EUA, aterrissou no Rio de Janeiro para disputar o Mundial de Street League, que aconteceu no último dia 13.

Vestindo uma camisa da seleção, Leticia expôs a combinação perfeita entre talento e garra. Apresentou manobras difíceis executadas com perfeição e mostrou por que é uma das grandes esperanças do Brasil na próxima Olimpíada –a primeira a ter provas de skate.

Leticia Bufoni e o troféu de vice-campeã do Mundial de Street League (Reprodução/Instagram)

Leticia chegou a pôr a mão na taça, mas acabou derrotada pela japonesa Aori Nishimura por 0,1. A brasileira ficou com o vice-campeonato, uma conquista importante, mas conta que se sentiu frustrada. "Para um atleta é muito difícil saber que andou bem, deixou tudo na pista e acabar na segunda colocação por 0,1. Mas é algo do momento, que passa depois de alguns dias."

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Aos 25 anos de idade, a paulistana da zona leste acumula uma série de conquistas. Ao todo, são sete medalhas do X Games, a maior competição de esportes radicais do mundo. Em entrevista ao Extraordinárias, ela fala da decepção, como atleta, de dar tudo de si e acabar com o segundo lugar no Mundial. Mas diz que está focada nos Jogos Olímpicos e que espera trazer uma medalha para o Brasil.

Além disso, ela fala como sente a repercussão de seu trabalho, especialmente entre as meninas. "Ter o reconhecimento de tantas meninas e ainda ser um 'modelo' para elas só me dá mais motivação para continuar fazendo o que eu faço."

Leia abaixo a entrevista na íntegra:

Como foi competir no Brasil, com o apoio da torcida?

Eu amo competir no Brasil, pois é minha casa e é sempre uma experiência incrível! Definitivamente, a torcida sempre me ajuda e fico mais motivada ainda. Em 2018, competi em três eventos no Brasil, venci os dois eventos do STU e fiquei em segundo lugar neste último, o SLS Super Crown no Rio.

Qual é a sua avaliação sobre o seu desempenho?

Acho que andei muito bem e com certeza sei que dei o melhor que eu podia, mas nem sempre as coisas ocorrem como o desejado e acabei ficando com o vice-campeonato.

O brasileiro vibrou muito com sua atuação e você foi bastante elogiada, mas no fim se emocionou e pareceu decepcionada com o vice-campeonato. Como se sentiu?

Todo atleta quer ganhar. Independentemente de eu ter andando muito bem, no momento em que descobri que não ganhei, é normal ficar um pouco chateada. Para um atleta é muito difícil saber que andou bem, deixou tudo na pista e acabar na segunda colocação por 0,1. Mas é algo do momento, que passa depois de alguns dias. Agora é focar nos treinos e entregar tudo o que consigo nas próximas competições.

O Brasil hoje tem muitos skatistas entre os melhores do mundo, mas grande parte não vive aqui e acaba ficando distante do público. Qual é a importância de competir em casa?

Acho que a coisa mais importante e mais legal de competir em casa é ter esse contato com os fãs. A gente fica muito tempo lá fora e acaba tendo pouco contato com nossos fãs brasileiros, que com certeza são os mais apaixonados. É incrível competir e ver o quanto os brasileiros me apoiam e torcem por mim, isso com certeza faz tudo valer a pena. Chegar ao Brasil e ver toda a nação brasileira gritando o meu nome não tem preço, por isso, na minha opinião, a importância de competir em casa é estar perto dos meus fãs.

Você percebe que é exemplo e inspiração para que outras meninas se sintam encorajadas a andar de skate. Recebe algum retorno com relação a isso?

Sim! Sempre recebo, tanto pessoalmente quanto pelas redes sociais, mensagens de meninas que se inspiram em mim e se sentem mais encorajadas a andar de skate por causa disso. Isso é incrível! Ter o reconhecimento de tantas meninas e ainda ser um "modelo" para elas só me dá mais motivação para continuar fazendo o que eu faço e atingindo mais gente de uma forma positiva, seja homem ou mulher.

Você tem sentido mudança no nível das competidoras com a proximidade da Olimpíada?

Com certeza! Com a Olimpíada cada vez mais perto vejo que o nível vem aumentando e temos nomes que antes não estavam chegando e agora estão ganhando campeonatos. O que aconteceu no Rio é um exemplo disso. A Aori surpreendeu todos e conquistou um título merecido. Creio que ser medalhista de ouro na Olimpíada é o sonho de qualquer atleta de qualquer modalidade. Dessa forma, todos estão treinando para tentar se classificar para os jogos e ter um grande desempenho. Como reflexo disso, o nível das competições tem aumentado bastante.

Qual é a sua expectativa para essa primeira Olimpíada? Acha que ela pode transformar o universo do skate de alguma forma? Quais são seus planos até lá?

As expectativas são as melhores possíveis! Estou me dedicando 100% para isso e vou fazer de tudo para voltar com a medalha de ouro para casa. Sobre transformar o universo do skate, acho que os Jogos Olímpicos já estão fazendo isso, o cenário está se profissionalizando cada vez mais e se tornando muito maior, o que é ótimo para todos os lados, tanto para nós, skatistas, quanto para os fãs que terão um show mais bonito ainda. Meus planos até lá são treinar o máximo possível e chegar lá na minha melhor forma possível, técnica, física e mentalmente.

Sobre a autora

Débora Miranda é jornalista e editora do UOL. Apaixonada por cultura. Acredita no poder transformador do esporte. Ginástica olímpica na infância. Pilates, corrida e krav maga na vida adulta. Futebol desde sempre. Corinthians até o fim.

Sobre o blog

Espaço para as histórias das mulheres no esporte, mostrando como a atividade física pode transformar vidas e o mundo. A ideia é reunir depoimentos sobre determinação, superação e empoderamento. Acima de tudo, motivar umas às outras. Vamos juntas?