Pandemia terá impacto no futebol de homens e mulheres, diz diretora da FPF
Desde a Copa do Mundo da França, no ano passado, o futebol feminino vinha crescendo de forma bastante acentuada –tanto nas arquibancadas quando nas transmissões televisivas e entre os patrocinadores. A pandemia do novo coronavírus, no entanto, tirou todo o mundo de campo e colocou essa evolução em pausa.
É possível para o esporte feminino continuar de onde parou? Aline Pellegrino, diretora de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol, acredita que sim.
O impacto da pandemia vai ser para toda a cadeia do futebol, dos homens e das mulheres. A parada trouxe uma interrupção abrupta, que não era esperada. Mas não acho que isso vá fazer com que o crescimento do futebol feminino deixe de acontecer. Vale para o público que vai estar ainda mais sedento por futebol e também como nova oportunidade de engajamento para os patrocinadores."
É fato que com as interrupções das atividades –treinos e jogos– há mais de dois meses, os clubes vêm tendo de lidar com a queda de recursos. Muitos diminuíram os salários de seus atletas e houve cortes. A ONU divulgou um relatório apontando o impacto da covid-19 na indústria do esporte mundial, que movimenta US$ 756 bilhões por ano e foi profundamente impactada pela pandemia e por consequentes restrições e cancelamentos.
"Não importa a atividade, estamos passando por um cenário de incertezas. Não conseguimos saber ainda o tamanho dos prejuízos, e eles serão para todos. Acredito que o desafio seja conseguir fazer uma boa análise de todo esse cenário e começar a planejar o futuro", argumenta Aline.
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E para que seja possível planejar o futuro, o papel das federações é de grande importância. A CBF transferiu para as contas de 52 times de futebol feminino uma verba para ajudá-los a manter os compromissos com suas atletas e comissões técnicas. As 36 equipes da série A2 (segunda divisão) receberam R$ 50 mil e as 16 da série A2 (primeira divisão) receberam R$ 120 mil. Segundo o blog Dibradoras, das 52 equipes, seis hesitaram em usar o dinheiro para pagar suas atletas. Esportistas que recebiam ajuda de custo de R$ 500 até R$ 1.000 ficaram sem ganhar nada.
Foi um dinheiro repassado direto da CBF para os clubes. Nós trabalhamos diariamente para acompanhar e orientar os clubes no sentido de ter gestão profissional e transparente. Não há mais espaço para gestões irresponsáveis, ainda mais depois de um momento tão complexo que vivemos", analisa Aline.
Ela afirma que "as dificuldades são para toda população mundial, e as atletas não estão fora desse contexto". "É um cenário que jamais poderíamos imaginar." Por isso, faz questão de trabalhar perto dos clubes de São Paulo, mesmo com campeonatos interrompidos e com dificuldades dentro da própria Federação Paulista.
"A FPF toda teve de se readequar. Reduziu contratos, salários, uma vez que houve uma paralisação geral, em toda a economia. Mas a federação, como um todo, segue próxima dos clubes, dos atletas e dos demais profissionais. As ações do Departamento de Futebol Feminino vão no sentido de levantar informações para criar relatórios que vão balizar um plano de ação. Também foram propostos dois ciclos de videoconferências: uma para os gestores e outro para as atletas. Entendemos que os temas abordados vão ser importantes para esse novo momento", afirma. A discussão voltada às atletas foi de assuntos envolvendo gestão pessoal e familiar, além de saúde da mulher.
Aline revela também que há algumas iniciativas sendo discutidas em Brasília para que o esporte receba auxílio do governo federal. "Como outros setores receberam, exemplo da Cultura, que teve projeto aprovado no Senado nesta semana."
Até porque o retorno aos campos permanece incerto.
A Federação vai seguir todas as diretrizes e normas das autoridades de saúde, estaduais e federais, e só vai retornar quando houver segurança", declara a diretora.
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