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Débora Miranda

5 conquistas que ainda faltam ao esporte feminino

Débora Miranda

08/03/2019 00h01

No Dia Internacional da Mulher, quero propor uma reflexão e chamar a atenção para 5 itens –tão básicos quanto essenciais– que ainda faltam ao esporte feminino.


Inspirada pelo irmão, Sophia Medina decidiu desde cedo que queria ser surfista (Reprodução/Instagram)

Incentivo 

Muitas meninas ainda não são incentivadas, desde a infância, a praticar esportes. Além da óbvia questão de saúde, motivar as meninas é uma forma também de descobrir novos talentos e formar uma nova geração de atletas. E para tudo isso é essencial lutar contra preconceitos.

Não existem modalidades esportivas para meninas e meninos exclusivamente. Toda garota deve poder –desde que ela queira– jogar futebol, praticar artes marciais, andar de skate. O esporte ajuda na formação do caráter, na disciplina e é um dos caminhos mais gostosos para fazer amizade.

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Respeito

Não é raro que as meninas atletas ouçam piadinhas sobre sua forma física e/ou especulações a respeito de sua sexualidade. Músculos são simplesmente o resultado da dedicação da pessoa ao esporte, mostram que ela treina com seriedade e alta frequência. Da mesma forma, a modalidade esportiva que ela escolhe não tem a ver com sua sexualidade. Toda jogadora de futebol não é homossexual como toda dançarina de balé não é hetero. Apenas melhorem.

Investimento e patrocínio

Se no Brasil já é difícil ser atleta, imagine o que é ser atleta mulher! Apesar de termos grandes talentos nas mais variadas modalidades, é muito difícil que eles recebam apoio, patrocínio, condições apropriadas para treinar e pagamento digno. A maior parte primeiro tem que se tornar campeã para depois receber apoio. Há, ainda, quem seja bem-sucedida na modalidade que pratica, mas viva de favores de academias, de pequenas parcerias e até de venda de rifas. Acredite, não é incomum. Além disso, no Brasil, é bastante frequente que as empresas invistam no atleta durante algum evento pontual, como um Mundial ou uma Olimpíada, e depois cortem o benefício. Investimento gera bons resultados, que geram repercussão para a esportista, o que, por sua vez, gera mídia para a marca que investiu nela. Não dá para ser o contrário.

Time feminino do Palmeiras: R$ 1,5 milhão ao ano (Twitter/Divulgação)

Equiparação salarial e de premiação

A questão financeira ainda é um dos temas que mais rendem discussão no meio do esporte, pois praticamente todas as modalidades pagam muito menos a mulheres do que aos homens. MUITO MENOS! Tanto em salários quanto em premiações. Em modalidades que rendem muita mídia e movimentam grandes montantes de dinheiro, a disparidade é ainda maior. No futebol brasileiro, por exemplo, é possível dizer que a quantia gasta em um ano num time feminino de um grande clube pode ser equivalente a alguns meses de salário de um grande jogador. O Palmeiras, por exemplo, vai desembolsar R$ 1,5 milhão/ano pela parceria com a prefeitura de Vinhedo por um time feminino. O time masculino gasta mais de R$ 10 milhões por mês.

Reconhecimento/Mídia

Um dos principais argumentos usados por quem quer justificar a falta de tudo isso aí em cima é que o esporte feminino não dá mídia e, por isso, não vale a pena incentivá-lo nem profissionalizá-lo. Na verdade, o caminho é o oposto. Vamos dar oportunidades dignas às nossas atletas para que elas possam ter reconhecimento e, assim, visibilidade. Temos brasileiras conquistando o mundo na natação, na ginástica, no tênis, nas artes marciais, no skate, no surfe, no basquete… Vamos aproveitar o Dia Internacional da Mulher para conhecê-las e reconhecê-las, para torcer por elas, vibrar com suas conquistas. O esporte feminino já é um grande orgulho. De repente você que ainda não ficou sabendo.

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Quer saber mais? Conheça ou descubra mais sobre algumas atletas que já conversaram com o Extraordinárias!

Futebol: Formiga, a veterana que abriu portas para tantas meninas

Ginástica artística: Daniele Hypolito, cinco olimpíadas

Surfe: Sophia Medina, a caçula inspirada pelo bicampeão mundial

Skate: Leticia Bufoni teve o skate quebrado pelo pai

Automobilismo: Bia Figueiredo, nossa estrela das pistas

Boxe: Rose Volante, a campeã mundial ignorada pelo treinador

Basquete: Izabela Nicoletti, a joia brasileira que brilha nas quadras dos EUA

Natação: Fernanda Gomes acumula recordes e medalhas

Tênis: Bia Haddad, a tenista número 1 do Brasil

Sobre a autora

Débora Miranda é jornalista e editora do UOL. Apaixonada por cultura. Acredita no poder transformador do esporte. Ginástica olímpica na infância. Pilates, corrida e krav maga na vida adulta. Futebol desde sempre. Corinthians até o fim.

Sobre o blog

Espaço para as histórias das mulheres no esporte, mostrando como a atividade física pode transformar vidas e o mundo. A ideia é reunir depoimentos sobre determinação, superação e empoderamento. Acima de tudo, motivar umas às outras. Vamos juntas?